Imagem capa - O conforto do vestido de noiva por Elton Abreu Araujo Sampaio
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O conforto do vestido de noiva

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Conforto x beleza é um eterno dilema quando o assunto é vestido de noiva. Quer ver o que noivas e profissionais têm a dizer sobre isso? Vem!

Confortável, incrível e que inspire segurança. Essas são, na visão da expert Carol Hungria, as três características necessárias para um vestido de noiva ser considerado perfeito. O problema é que nem sempre é simples alinhar (e aliar!) esses três pontos em um único modelo. Afinal, reza a lenda que o look do casamento não consegue ser bonito e confortável ao mesmo tempo – ou é o que suas avós, tias (e por que não mães?) disseram durante muito tempo, certo? Errado! Pelo menos pra nós, que vivemos em pleno século XXI, é essencial unir estilo ao bem-estar. E para esclarecer todas as dúvidas e mitos e garantir dicas imperdíveis para aquelas que estão nessa doce busca, conversamos com a estilista queridinha das cariocas + três noivas inesquecíveis – e o resultado você confere agora!

AS PARTICULARIDADES DE CADA MODELO

Acima de toda comodidade ou beleza, Carol Hungria garante ser essencial, ao longo do processo criativo, entender todas as particularidades do modelo escolhido. “Sempre mostro todos os materiais durante a criação, e, posteriormente, faço uma prova de modelagem, para ela entender o vestido e visualizar um pouco da peça final”. Exemplo disso é a noiva Fernanda de Azevedo: idealizava um modelo condizente com sua personalidade e também bem-estar – tanto na cerimônia, quanto na festa. “Sou pessoa muito discreta e não me sentiria confortável usando um vestido muito decotado. Por isso, optei por um modelo mais simples na frente e deixei o decote nas costas. Também quis uma saia mais soltinha e com uma anágua mínima, assim poderia dançar mais livremente, sem me preocupar com o peso do vestido ou com ele apertando meus quadris e pernas”, contou.


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Vestido de noiva por  - Foto Carol Bustorff Photography


BELEZA X CONFORTO

Para Amanda Ferreira, que casou com os pés na areia, seu conforto sempre esteve em primeiro lugar e muito acima da beleza. “Para curtir a festa por completo, é necessário estar se sentindo bem, sem nenhum incômodo. O meu vestido era superconfortável e tinha uma fenda na saia, justamente porque eu queria dançar a noite toda e precisava de uma roupa que me permitisse isso”, contou.

Entretanto, por mais que se tente ao máximo, nem sempre os modelos e materiais se comportam bem quando o assunto é aliar os dois pontos. Segundo Carol, muitos tecidos não têm elasticidade – como, por exemplo, a maioria das rendas –, impossibilitando assim alguns movimentos da noiva. “Além disso, aquelas que optarem por modelos mais sequinhos, têm que se acostumar com a ideia do corselet, que aperta um pouquinho, mas faz um desenho bonito no corpo”, complementa.


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Vestido de noiva volumoso - Foto Rodrigo Sack


Para amenizar o possível desconforto, uma opção é trabalhar com fibras naturais (elas evitam alergias e têm um toque melhor na pele), materiais mais elásticos e o principal segredo: respeitar os movimentos e medidas do corpo de cada mulher.

“É essencial que a noiva esteja linda, mas é ainda mais indispensável que ela aproveite todos os momentos do grande dia. Além dos materiais com elasticidade e de fibra natural, partes removíveis (como mangas) ou que possam ser embutidas (como saias) são ótimas alternativas” Carol

GARANTINDO MAIS COMODIDADE

E se o desejo for um modelo princesa, volumoso e cheio de pompa? Abdicar desse sonho está fora de questão – é claro! –, então uma alternativa é torna-lo mais maleável para a festa, já que a cerimônia não exige tantos movimentos. Partindo desse princípio, pense em investir em partes removíveis, como saias e mangas. “É bacana porque assim a noiva tem toda a liberdade para curtir a festa, e no caso da saia, o vestido acaba ficando mais leve também”, indica Carol Hungria.

Esse foi, inclusive, o pensamento da noiva Júlia Mello. Apesar de adorar vestidos de manga comprida, queria curtir a festa sem sentir calor. Então, antes de optar de vez por seu tomara-que-caia, cogitou as mangas removíveis. “Antes de escolher o vestido, pensei em um modelo que pudesse tirar as mangas, para ter dois looks que gosto, atender ao meu estilo e também garantir conforto”.

OS MAIS E MENOS CONFORTÁVEIS

Se a noiva quer apostar no conforto, o ideal é dar preferência para tecidos leves e modelagens mais soltas. Isso porque os modelos volumosos ou justos demais, para atingir o caimento ideal, precisam de um formato que deixe a peça bem estruturada – daí o uso comum do corselet.  “Também tem a questão do volume, que pode pesar um pouco dependendo do tecido”, aponta a estilista.


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Vestido de noiva fluido - Foto D51 Fotografia


Os tecidos mais indicados: “os mais utilizados são a mousseline de seda e a organza, também de seda. A mousseline é bem fina e leve, ideal para modelos fluidos. A organza também não pesa, mas é um pouco mais estruturada. Com ela é possível dar volume sem deixar o vestido pesado” Carol Hungria

4 DICAS PARA SEU VESTIDO DE NOIVA POR CAROL HUNGRIA

  1. Pesquise e reúna referências. Se enxergar no modelo é muito importante para começar a busca do vestido!
  2. Entender seu corpo é indispensável. Pense no que quer esconder e o que gostaria de valorizar
  3. Escolha um bom profissional para organizar suas ideias e transformá-las no seu vestido dos sonhos
  4. Tente entender ao máximo o seu modelo e sempre converse durante as provas, apontando tudo que te incomoda para que se criem soluções


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Vestido de noiva por  - Foto Carol Bustorff Photography


DE NOIVA PARA NOIVA:

“É muito é importante se sentir linda no grande dia, mas não deixe que nada atrapalhe sua diversão na festa!” Júlia Mello

“É sempre bom pensar na beleza e no conforto quando for escolher o seu vestido. Leve em conta o seu estilo e avalie se o vestido que ela está escolhendo realmente vai atender as expectativas. Eu não tinha intenção de sair da pista um minuto, queria pular e dançar a noite toda. Pensei em um vestido que me ajudasse com isso e ele ficou perfeito!” Amanda Ferreira

“O modelo precisa vestir bem e te deixar confortável. Isso é mais importante do que simplesmente achar o vestido bonito” Fernanda de Azevedo

+ EXTRA! UM CONTO DE (AMOR) CALOR

*Esse texto foi originalmente publicado no livro “Casando com Boutique de 3″

“Casar é lindo. Casar é, talvez, a única oportunidade que temos na vida de atender a todos os nossos desejos. Naquele dia, tudo seria feito como eu sonhava. Tudo estaria sob meu controle, com exceção do clima. Quase tudo do meu casamento foi escolhido por mim. Meu marido pediu apenas que pudesse selecionar o fotógrafo e carro que me levaria à igreja.

Talvez o detalhe mais importante para mim fosse o vestido. Queria algo elegante, clássico e imponente. Após inúmeras visitas a hiperbólicas centenas de costureiros, escolhi Junior Santaella. Desenhamos um vestido absolutamente lindo. Meu casamento estava marcado para uma sexta-feira, às oito da noite. O carro (surpresa) chegaria às sete. Assim, teria uma hora para enfrentar o trânsito da véspera do fim de semana e chegar com um elegante atraso à igreja. Tudo seria perfeito, afinal tinha sido planejado nos mínimos detalhes humanamente possíveis.

Logo depois do almoço já estava no estúdio me preparando para a melhor noite da minha vida. Comecei a me vestir e logo notei que estava um pouco calor. Paciência, afinal nada atrapalharia aquela tarde.

Primeiro o vestido, depois a capa e, por fim, a maquiagem. Enquanto o maquiador dava seus toques finais, senti uma pequena gota de suor escorrendo em minhas costas. Puxa, quanto calor! Talvez me sentisse melhor no ar-condicionado do carro. Faltava pouco.

Depois da maquiagem me olhei no espelho: era exatamente o que eu queria. Vestido, capa, e uma coroa de ouro e brilhantes, generosamente cedida pelo próprio Junior, de sua coleção particular, finalizava o visual.

Olhei para o relógio. Já eram seis horas. Lá fora, um clássico Rolls Royce 1937, me esperava. Apressei o pessoal, afinal, estava com um pouquinho de calor e não queria que o suor estragasse a maquiagem, e corri para o carro. Imediatamente pedi ao motorista que fechasse as janelas e ligasse o ar-condicionado.

E qual foi minha surpresa, o chofer, de forma lhana, respondeu que o carro era muito antigo e totalmente original. Por isso, não havia ar-condicionado. Senti um certo rubor de nervoso. Ou será que era o calor? Bem, abri a janela, respirei fundo e tentei me convencer que aquilo que sentia era psicológico. Vamos casar!

Acontece que, por algum motivo, estava um trânsito intenso naquela sexta-feira e a imobilidade do carro não ajudava a me refrescar. À medida que era conduzida à igreja, aquela impressão de calor passou a ser uma certeza. Uma certeza quase insuportável. E, poucos minutos antes de desembarcar, já havia se tornado uma queimação que beirava o delírio. Eu parecia normal, mas na verdade estava praticamente me liquefazendo dentro do vestido dos meus sonhos.

Quando desci do carro, estava tonta, meio mole, e com uma sede absurda. Mas não havia tempo para nada. Eu deveria entrar logo. Talvez, lá dentro da igreja, estivesse um pouco mais fresco. Ajoelhada na frente do padre, com certeza, me recuperaria rápido. Eu só queria ficar um pouquinho menos de pé. Em um lugar um pouquinho mais fresco. E, talvez, se não fosse pedir demais, estar um tiquinho mais hidratada.

Desisti de tomar quaisquer providências e me dirigi a entrada da igreja, onde fui recepcionada por meu pai e pela maravilhosa tríade que compõe a Boutique de 3. Por um momento me senti pronta e as portas se abriram.

Nossa, como estava linda a igreja! Toda em tons de roxo e lilás. Meu pai agarrou meu braço e começou a andar. Um pé foi, o outro ficou. O buquê pesou um pouco e tropecei discretamente, mas continuei em frente. Oi tia, oi tio, olá primos e amigos. Todo mundo aqui, que legal. E todo mundo tão arrumado. Será que estão todos transpirando como eu?

Finalmente e de alguma forma que não sei bem descrever, cheguei ao final da nave da igreja. Meu pai, então, entregou minha mão a meu marido, que me conduziu altar acima. À medida que galgava os degraus, constatei – um pouco tonta e decepcionada – que lá dentro não estava nem um pouco mais fresco. Aliás, pelo contrário. Havia um calor humano difícil de explicar. E não, não era emoção. Era calor mesmo. Ai, que sede.

Onde é que será que fica a banheirinha de batizados? Será que ela fica cheia de água?  Enquanto o padre executava a missa, ficava cada vez mais fraca. Apertei a mão de meu esposo, que olhou para mim com perplexidade. Olhei para frente, na tentativa de me concentrar em outra coisa, mas já não conseguia ver nada. Havia apenas um borrão preto e branco na minha frente, e minha visão periférica havia sido substituída por uma vinheta, à moda dos filmes de 1950.

Reunindo as últimas gotas daquele precioso líquido vital que haviam em meu corpo, levantei e, sem pensar muito, interrompi a cerimônia, deixei o padre literalmente no vácuo e corri para trás do altar. Sabia que ia desmaiar. Antes disso, derrubei o recipiente de incenso, que caiu no chão com um estrondo ensurdecedor. Deitei no chão, olhando para cima. Sussurrei para minha mãe, que estapeava meu rosto – água. E em poucos segundos, bebi a garrafinha mais abençoada da vida.

Após alguns segundos senti uma brisa em meus ombros. Nossa, mas que estranho, eu não estava de capa? Aos poucos me dei conta do que havia acontecido. Do além, Junior Santaella, que sempre esteve lá, atrás do altar, correu, e com uma tesoura arrancou a capa do vestido para eu respirar. Ufa!

O episódio durou menos de cinco minutos. Razoavelmente recuperada, levantei e minha mãe me conduziu ao meu marido. A cerimônia seguiu em curso e os  convidados,  felizmente, acharam que o episódio não se passara de uma supérflua troca de vestuário. a cerimônia seguiu seu curso.

O resto foi perfeito porque, apesar de tudo, eu estava muito feliz. Imprevistos acontecem e podem realmente sair do controle. O importante é concentrar em nossa família, amigos e noivo. Porque as coisas até podem sair dos trilhos, mas é sempre bom ter alguém para nos ajudar a voltar ao rumo certo.” Luciana Ferez

CRÉDITOS

1 e 4. D51 Fotografia | 2 e 5. Carol Bustorff Photography | 3. Rodrigo Sack